quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Datas são lembradas por diversos motivos, algum tipo de marca ficou, de alguma natureza.. Há 3 anos por esses dias dessa semana eu tive meu diagnóstico, no dia que fez 3 anos que li pela primeira vez, reli, meio que faz parte de um ritual meu de comparar as sensações diferenciadas que tenho em momentos diferentes com uma mesma coisa, ver como fui, como estou sendo afetada, reli de forma diferente, até porque sou uma pessoa diferente, não sei se sou diferente por conta apenas deste diagnóstico, acredito que seria diferente de qualquer jeito, estamos sendo afetados o tempo todo por tudo, mesmo quando lutamos para manter algum tipo de "essência" estamos sendo modificados, mesmo que a mudança não fique tão aparente, ou que a mudança apenas pareça permanência .. Dois dias depois que li este diagnóstico há 3 anos, entrei no instituto nacional do câncer pela primeira vez, não chorava, não estava desesperada, tanto que a médica perguntou se eu entendia perfeitamente o que acontecia, eu disse que sim, ela retrucou, mas você está tão calma, eu apenas falei o seguinte, temos uma briga aí, se você está me dizendo que dá pra tentar brigar, que tem algum jeito, mesmo que não seja mais do que 30 % de chance de sair viva lá frente, eu não tenho alternativa, gosto de viver, e vou aprender a viver com isso, as pessoas convivem com cada situação né , então acho que dá pra mim e não é que deu e tem dado pra continuar.. Acho bem bom isso.. rs


domingo, 8 de fevereiro de 2015


Estava eu perto de completar 30 anos, 3 anos atrás, leio pela primeira vez "carcinoma ductal infiltrante", hoje estou aqui 3 anos depois, lendo de novo esse diagnóstico, não como na primeira vez, na primeira vez que li não sabia se teria 3 dias, 3 anos ou mais, leio com mais perspectiva, sei que tenho vida e cada dia que passa mais vida ainda, não sei quanto tempo exato eu tenho, ninguém sabe, só sei que a palavra carcinoma não representa o fim como representou, como poderia representar, representa uma das muitas coisas que aconteceram na minha vida e estou aí, vivendo, enfrentando.. Hoje leio esse nome e sei que enfrentei uma coisa que não dá muita chance da gente enfrentar, nós sobreviventes do câncer, sobreviventes de todos os tipos de reveses e acontecimentos diversos fazemos meio que uma mágica, jogamos com cartas que não temos nem como tirar da manga, mas jogamos e todos vencemos de alguma forma o jogo, pois estar jogando é a grande vitória, eu acho, vitória cotidiana, vitória que as vezes só cada um sabe que conquistou e de que maneira conquistou..